A Brand Africa, em parceria com a African Business e a Comissão Económica para a África, anunciou em Adis Abeba, Etiópia, os resultados da 15ª edição anual do ranking Brand Africa 100: Melhores Marcas da África. O relatório deste ano revela uma clara desconexão entre o crescente optimismo dos africanos e a diminuição da fidelidade às marcas do continente.
Embora 68% da população africana expressem confiança no futuro de África, um aumento em relação aos 64% registados no ano passado, apenas 11% das 100 marcas mais admiradas são de origem africana, o que representa uma queda face aos 14% de 2024. Para a Brand Africa, este resultado sublinha o desafio premente das marcas africanas em transformar a crença no continente em compromissos reais de consumo. Além disso, evidencia a necessidade de os consumidores apoiarem marcas produzidas em África, o que, segundo a entidade, é essencial para fomentar a industrialização e o crescimento económico.
A pesquisa que sustenta o ranking foi conduzida em 31 países africanos e em oito idiomas, desde o árabe ao suaíli, representando mais de 85% da população e do Produto Interno Bruto do continente. De acordo com a Brand Africa, os resultados reflectem a evolução do mercado, impulsionada pela juventude africana, pela expansão da influência cultural e pelo aumento do engajamento geopolítico com blocos como o G20 e o BRICS+.
No panorama das marcas mais admiradas, a Nike manteve a liderança pelo oitavo ano consecutivo, seguida de perto pela Samsung e outras gigantes globais, confirmando a força das multinacionais na preferência dos consumidores africanos. No segmento das marcas africanas, a MTN destacou-se como a mais reconhecida em recordação espontânea, enquanto a Dangote liderou em recordação assistida. A MTN também foi apontada como a marca que mais contribui para o bem-estar da sociedade e do meio-ambiente no continente.
Outros destaques incluem a Bathu, como marca de vestuário mais admirada, e o Standard Bank, que liderou entre as instituições financeiras. Na área dos media, a BBC foi reconhecida como a marca mais proeminente, enquanto a DStv se destacou como a principal marca africana. A África do Sul, por sua vez, foi eleita a marca nacional mais admirada, enquanto os Estados Unidos lideraram como nação mais influente em termos de menções de marca e investimento estrangeiro directo. O Reino Unido, ajustado pelo PIB, também se destacou nesta métrica.
Apesar do reconhecimento de marcas africanas como a MTN, M-Pesa, Dangote, Ethiopian Airlines e Brand South Africa, que foram homenageadas com a entrada no Hall da Fama da Brand Africa pelo seu desempenho sustentado ao longo de mais de uma década, o relatório reforça a preocupação com o fraco desempenho geral das marcas africanas no ranking global. “É decepcionante ver a queda acentuada das marcas africanas, reflectindo a proeminência de marcas de nações não africanas como as mais influentes em África”, afirmou Thebe Ikalafeng, fundador e presidente da Brand Africa, defendendo que este resultado funciona como um alerta para a necessidade urgente de acelerar a industrialização no continente. “Não basta que os africanos digam que acreditam no continente; eles precisam comprar produtos feitos em África. Para tal, é crucial que as marcas africanas invistam em investigação e desenvolvimento, continuem a inovar e apostem na qualidade e na autenticidade como diferenciais competitivos”, acrescentou.
A Brand Africa confirmou que, após o lançamento global do ranking, realizará um roadshow em vários países africanos para partilhar os insights e resultados com diferentes públicos. Esta iniciativa visa fortalecer a missão da Brand Africa de promover uma agenda africana centrada no fortalecimento de marcas, na industrialização e no consumo de produtos feitos em África.
Redacção: ola@targeting.ao
