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“Queremos ser tão icónicos quanto os azuis e brancos”

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Por Targeting
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Sandro Briffe, director de marketing da Heetch Angola, vinca o compromisso com a prestação de um serviço de qualidade, assente na melhoria contínua das condições para os passageiros e nos motoristas como elementos chaves das operações diárias.

Dois anos após dar entrada no mercado angolano, a Heetch, startup francesa que, através do seu aplicativo oferece soluções de mobilidade, estabelecendo uma relação entre passageiros e motoristas, dá fortes sinais de querer liderar um sector, onde a concorrência cresce de forma acentuada, com marcas de renome internacional a olharem para Angola, como uma “praça” apetecível.

“A concorrência será sempre um facto, temos de continuar a fazer bem o nosso trabalho para que no fim do dia os passageiros e os motoristas prefiram a Heetch e não os outros.”

Em Novembro, a Heetch completa 2 anos desde que começou a operar em Angola. Qual é a avaliação que fazem e quais foram as vossas grandes conquistas de lá para cá?

R: A avaliação é extremamente positiva. Viemos de forma meio tímida e hoje já ultrapassámos muitas expectativas que tínhamos no princípio. Alcançámos muitas coisas e ultrapassámos igualmente muitos obstáculos, com uma capacidade forte de contornar os mesmos, passando por cima ou por baixo. Mas, o que nos dá muita força e certeza e, consideramos motivo para celebrar, é o facto de termos conseguido construir uma equipa local capaz, que está pronta para atender os próximos desafios.

Começamos com um número muito reduzido de carros, não recebíamos corridas, porque as pessoas ainda não nos conheciam, não tínhamos um departamento de marketing e a equipa era composta por 3 ou 4 pessoas. Hoje, temos uma equipa de quase 40 pessoas, entre elementos a tempo inteiro e em part-time.

Até agora, efectuamos cerca de 2,5 milhões de corridas, temos mais de 3 mil motoristas activos e mais de 100 mil downloads na nossa aplicação. Temos a noção de que temos ultrapassado os marcos, e isso é bom. Mas, temos também a consciência de que há um potencial enorme e que não estamos ainda a 1% daquilo que podemos alcançar. Acreditamos neste potencial do mercado, pretendemos ajudá-lo a crescer e com isso crescermos também e assim aumentar os nossos números, tanto de corridas, motoristas ou passageiros.   

Como está a ser a vossa preparação face à concorrência que cada vez mais aumenta, sobretudo de players internacionais com alguma experiência já demonstrada?

R: A Heetch nunca pretendeu ser um monopólio em sítio algum. Em todos os mercados onde a Heetch opera, há sempre concorrência e isso é algo incontornável numa economia de mercado. Entramos preparados, quer em Angola, quer em outros mercados. A concorrência será sempre um facto, apenas temos de continuar a fazer bem o nosso trabalho para que no final do dia os passageiros e os motoristas prefiram a Heetch e não a concorrência. Temos de nos adaptar às exigências do mercado. E a concorrência é uma delas.

Considera que estão prontos para assumir a liderança do mercado?

R: É sempre melhor estar no primeiro lugar do pódio, do que o oposto. A nossa luta tem sido essa: chegar ao maior número de pessoas, não tanto pela concorrência, mas porque isso significa ser uma empresa rentável.

Há quem diga que os vossos serviços não são acessíveis aos bolsos da grande maioria dos angolanos. A Heetch tem algum trunfo em relação a este ponto?

R: É um facto de que há uma barreira de entrada, por conta do que é necessário para se usar esse serviço: um smartphone, boa internet… artigos que ainda são considerados como sendo de luxo, para grande parte dos angolanos. No entanto, já se regista alguma acessibilidade aos mesmos. Já existem marcas de smartphones com preços mais acessíveis e o próprio mercado de telecomunicações, do qual muito dependemos e com quem trabalhamos lado a lado, vai tornando os serviços e preços mais acessíveis para a maior franja da população. Logo, as barreiras existem, mas elas são cada vez menores e vamos nos adaptando e expandindo, na medida em que o número de utilizadores de smartphones com acesso à internet cresce.

Como é que a Heetch está a movimentar-se em relação a “guerra do melhor preço” entre os aplicativos de mobilidade?

R: A questão do preço é um pouco sensível. Tem-se dito, e é verdade, que o barato sai caro. Sempre que se baixa o preço há contrapartidas. Não posso, em sã consciência, aconselhar que alguém entre neste tipo de negócio, seja proprietário ou um motorista que trabalhe por conta de outrem, se não for rentável. Há um limite até para o preço. Estamos inseridos num mercado com condicionantes e conjunturas próprias e somos naturalmente dependentes destas forças. Não vamos baixar o preço até ao ponto de termos um negócio que não seja rentável, só porque a concorrência entra nessa guerra. Há um equilíbrio: queremos ter o maior número de pessoas a usar a plataforma, mas também não queremos prejudicar os motoristas que têm custos com a manutenção das viaturas, o combustível, a comunicação e, para não falar do tempo que passam longe das famílias. Todas estas coisas têm de ser tidas em conta na altura de definição dos preços.

Acima de tudo, há que se encontrar o equilíbrio perfeito entre o melhor preço possível dentro daquilo que o mercado oferece, e a qualidade do serviço que é prestado. É aqui onde nos posicionamos. 

“Se tivermos de definir a personalidade da marca Heetch, pensamos em alguém que cresceu aqui e conhece essa Luanda de ponta a ponta, alguém que está à vontade para nos levar a qualquer canto da cidade. Esta é a personalidade que estamos a construir para a marca no nosso mercado: somos angolanos a comunicar para angolanos”.

Quais são os principais desafios em operar num mercado como o nosso, que apresenta limitações em termos de tecnologia, e pelo facto de a actividade ainda não ser legislada no país?

R: Sobre a regulação, sabemos que há um esforço das autoridades, sobretudo do Ministério dos Transportes, em regular o sector. A Heetch está disposta a dar o seu contributo, caso seja chamada para o efeito. Tenho a certeza que quem vai decidir não vai querer atrapalhar um negócio que ajuda imensas famílias e que ao mesmo tempo pode ser um actor importante na questão dos impostos fiscais. Em relação a isto, temos todo interesse em colaborar com as autoridades.  

Sobre a questão da tecnologia, é naturalmente uma condicionante. Temos ainda alguns obstáculos que dificultam o quotidiano dos nossos motoristas, como a cobertura das telecomunicações em algumas áreas, as próprias ferramentas que são usadas em conjunto com o nosso aplicativo não estão ainda devidamente optimizadas para Angola, como os mapas. Estes constrangimentos ainda existem, mas procuramos sempre dar respostas e não deixar que um cliente perca a sua corrida.  

Num momento em que vemos as principais empresas do sector muito focadas na capital do país, como está o vosso plano de expansão em outras provinciais?

R: A vontade existe, o plano em si ainda. Mais uma vez sublinho que depende do que o mercado vai ditar. Apesar do potencial do segmento, não adianta muito ir a uma província só por ir. Isso acarreta custos e tem de se justificar. Com um estudo bem feito e que prove ser rentável, teremos todo o prazer, eu estarei na linha da frente. Mas precisamos justificar estas decisões: os contextos, o poder de compra da população, número de corridas semanais ou mensais… tudo isso precisa ser levado em conta. Se as projecções forem satisfatórias, por quê não? Viemos para ficar, apesar do nosso core business e da nossa palavra de ordem ser unir os motoristas aos passageiros, nós próprios não queremos ser os passageiros aqui. A Heetch veio para ficar.

Num segmento onde as grandes marcas globais e pioneiras já definiram os caminhos a trilhar, é possível surgir espaços para novos conceitos, new business, em termos de ofertas de serviços e produtos?

R: É possível sim. As mudanças de ordem tecnológica, as questões mais técnicas e funcionalidades do aplicativo vão sempre evoluir. Mas, o modelo de negócio vai estar sempre sujeito às exigências do mercado em que se encontra, à regulação vigente e do próprio funcionamento e forma de estar da empresa em questão. Acreditamos que somos uma empresa que põe as necessidades do motorista em primeiro lugar e isto é um factor diferencial: Consideramos o motorista como nosso cliente e a partir desta premissa tudo flui.

Como tem sido adaptar uma marca com linhas globais a uma realidade local muito específica em termos de comunicação, que possui tons muito característicos?

R: Tenho a certeza de que isso é uma das mais-valias da Heetch e da nossa liderança. Sabemos respeitar o contexto de cada país onde estamos inseridos. Falando do caso de Angola, tirando as guidlines globais da marca que temos de seguir, a nossa equipa de marketing e comunicação tem a total liberdade para adaptar-se ao contexto do país, comunicar na linguagem local, comunicar como se a marca fosse angolana.

Se tivermos de definir a personalidade da marca Heetch, pensamos em alguém que cresceu aqui e conhece essa Luanda de ponta a ponta, alguém que está à-vontade para nos levar a qualquer canto da cidade. Esta é a personalidade que estamos a construir para a marca no nosso mercado: somos angolanos a comunicar para angolanos.

Cada vez mais queremos ser parte integrante da rotina dos luandenses e angolanos no geral, e de quem visita o país. Temos ainda muito que crescer, mas queremos ser parte desta rotina, sermos vistos como que um “guia turístico” que conhece todos os locais, destinos e que tem Luanda na palma da mão. Queremos ser tão icónicos como os nossos azuis e brancos”.

Este trabalho é feito pela equipa de marketing local ou contam também com uma agência parceira?

R: Temos uma equipa de marketing que embora pequena é bastante competente, cuida da comunicação na sua generalidade, offline e online. Porém, quando precisamos de uma campanha mais alargada contamos com a agência com quem trabalhamos que é a Born. 

O que é que os utilizadores da Heetch em Angola podem esperar a médio/longo prazo?

R: Sabemos que ainda temos muito por melhorar e nunca estamos satisfeitos. O produto/serviço pode ser melhorado, ser cada vez mais adaptado à realidade dos utilizadores aqui em Angola e, este é o nosso objectivo: Estamos sempre a trabalhar para a melhoraria do aplicativo, sempre que as coisas não correm como deveriam, temos soluções quase que imediatas. Temos uma equipa pequena, mas bastante eficiente e a nossa luta tem sido a melhoria contínua. Gostamos da filosofia de experimentar, porque se não experimentarmos não saberemos se funciona.

Sabemos da responsabilidade que acarretamos, é uma honra servir os nossos clientes. Estamos agradecidos às pessoas que nos fizeram crescer, valorizamos toda e qualquer corrida. Felizmente, temos sabido conviver com as críticas, não descansamos e procuramos sempre melhorar. Somos parte integrante do processo e sabemos que estamos inseridos num contexto com as suas condicionantes que acabam por nos afectar, às vezes. Procuramos nos adaptar ao contexto, mas apelamos também à paciência dos nossos usuários. Estamos bastante agradecidos pela preferência, não damos isto por garantido e por isso mesmo estamos atentos às novas dinâmicas de melhoria.

Redacção: ola@targeting.ao

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