Ad imageAd image

A Janaína e a liderança regional do maior grupo independente de media em África

Targeting
Targeting

Janaína Carneiro fez o seu percurso profissional por agências como a Ogilivy, na África do Sul, e Executive, em Angola. No seu curriculum acumula também passagens e experiências pelo lado do “cliente”, como Coca-Cola, Diageo, Angolauto e Sodiba. Há 4 anos aceitou o desafio de assumir a função de Líder Regional do maior grupo independente de media em África, Simply Black Media & Advertsing, sendo responsável pelas operações nos mercados dos PALOP, com maior volume em Angola e Moçambique.

Licenciada em Marketing e Publicidade, Janaína Carneiro é a quarta entrevistada da edição de 2024 da rubrica Elas No Comando, uma rubrica que destaca as mulheres que escolheram o mundo executivo, as mulheres angolanas que lideram departamentos em médias e grandes empresas angolanas ou com operações em Angola.

Como chegou à liderança regional da Simply Black?

A minha carreira teve início na África do Sul, onde estava a estudar na altura e precisei de procurar um estágio profissional por razões académicas. Nesta altura surgiu a oportunidade de fazer estágio no Ogilvy África que foi para mim uma grande escola. Depois disso, andei a navegar entre cliente e agência. Actualmente estou há 4 anos no maior grupo independente de Media em África, Simply Black Media & Advertsing.

Como descreve o papel de líder regional na Simply Black e as suas principais responsabilidades?

O meu papel passa principalmente por liderar e capacitar as equipas dos mercados PALOP, para que possamos oferecer sempre serviços excepcionais e com consistência em todos os mercados aos nossos clientes.

É também um trabalho que passa por liderar e apoiar a equipa nas negociações com os meios para que sejam feitas de forma estratégica e de forma a solidificar as relações e parcerias nos mercados sob a minha tutela. Supervisionar as operações de media, estratégias de comunicação, gestão de clientes e excelência operacional na região.

Gerir o dia à dia dos mercados com uma visão ampla e a longo prazo.

Qual é o principal papel de uma Agência de Media? Quais são as vantagens que uma marca tem em poder contar com uma Agência de Meios?

O principal papel de uma Agência de Media é planear e executar estratégias de comunicação para as marcas, optimizando o investimento em canais de media para chegar aos targets correctos. As vantagens para as marcas vão desde o acesso a expertise especializada, negociação de melhores condições de compra de espaço publicitário, acompanhamento e análise de resultados, e uma abordagem integrada para maximizar o impacto da campanha. A estratégia e planeamento são feitos com base em estudos e técnicas específicas que permitem estar e comunicar exactamente aonde temos mais chances de conectar-nos ao público-alvo.

Quais são as tendências actuais de Media que está a acompanhar de perto e como elas estão a influenciar as vossas estratégias?

Actualmente estamos a acompanhar de perto algumas tendências importantes no mundo dos medias, como a crescente importância de influência, o contínuo crescimento do marketing nas Redes Sociais e a expansão do Marketing Digital. No entanto, reconhecemos que, apesar do mercado angolano ainda estar num estado embrionário no que diz respeito à transformação digital, há uma tendência crescente para explorar essas áreas. Estamos especialmente atentos ao potencial do Marketing de Influência para criar conexões autênticas com o público-alvo, ao alcance e segmentação oferecidos pelas Redes Sociais e à oportunidade de expandir o Marketing Digital em um mercado que ainda tem muito a explorar nesse sentido.

Ainda assim, o nosso mercado apresenta uma grande penetração de media tradicional como TV e Rádio, que devem ser complementadas com as áreas citadas acima.

Como colabora com outras equipas dentro da agência, como criação, estratégia e contas, para garantir uma abordagem integrada nas campanhas de mídia? E como é a colaboração com os outros países que também lidera?

Dentro de uma agência de meios, a colaboração entre as equipas é essencial para garantir uma abordagem integrada. Isso é alcançado através de processos, rituais e mecanismos claros, reuniões regulares de brainstorming, onde ideias são compartilhadas e refinadas em conjunto, garantindo que todas as partes envolvidas estejam alinhadas com os objectivos da campanha.

Ainda que as equipas sejam compostas por pessoas de diferentes backgrounds e geografias, as equipes locais estão preparadas para fornecer os insights necessários sobre o público-alvo, tendências de mercado e objectivos da marca para que o estrategista, esteja aonde estiver, consiga preparar algo relevante e adequado ao mercado em que estivermos a trabalhar.

Além disso, a colaboração entre mercados é facilitada através de uma comunicação aberta e transparente entre as equipas de diferentes regiões. Isso pode incluir a partilha de melhores práticas, insights de mercado e adaptação de estratégias globais para atender às necessidades locais. As tecnologias de colaboração remota também desempenham um papel importante, permitindo que as equipas trabalhem juntas de forma eficiente, independentemente da sua localização geográfica. Essa abordagem colaborativa garante consistência global dos serviços prestados pela Simply Black em qualquer mercado em que esteja presente, permite-nos ao mesmo tempo ter a flexibilidade para ajustes regionais conforme necessário.

Janaína Carneiro, Regional Lead Simply Black Media

Qual é a diferença entre os mercados sob a sua tutela? Qual deles contribui mais no negócio da Simply Black no global?

A língua é sem dúvida um grande elo entre mercados sob minha tutela que apresentam similaridades e diferenças distintas. Enquanto algumas características são mais avançadas em certos mercados e mais conservadoras em outros, destaco o potencial de crescimento do mercado moçambicano, que oferece uma operação facilitada em diversos segmentos de media, com um amplo leque de meios disponíveis e onde há uma maior abrangência e capacidade de comunicação com nichos específicos. Notavelmente, o mercado de outdoor é altamente competitivo, mesmo a nível provincial. Por outro lado, Angola demonstra alguns sinais de recuperação, reconquistando a confiança dos grandes anunciantes. Enquanto isso, Cabo Verde, apesar de ter menos movimento, é um mercado caracterizado pela simpatia e pela facilidade de trabalho.

A grande vantagem em todos eles são os nossos colaboradores que conhecem e representam muito bem os seus mercados.

Quais as características das empresas que procuram pelos vossos serviços? Acha que as empresas apostam cada vez mais num bom Planeamento de Meios?

As empresas que procuram os nossos serviços geralmente são multinacionais ou empresas pan-africanas com foco em optimizar os seus orçamentos e que têm uma compreensão clara do papel crucial de uma Agência de Meios na disseminação de suas campanhas. Muitas vezes por questões de consistência e pela possibilidade de ter um número reduzido de pontos de contacto ainda que sejam empresas de vários mercados.

Trabalhamos com diversos sectores, incluindo bebidas, distribuidoras de TV por satélite, instituições financeiras e seguradoras, distribuição moderna, diversos segmentos de bens de consumo rápido (FMCG), companhias aéreas e transporte, empresas do ramo da promoção turística, entre outros.

Como avalia o desempenho de um bom planeamento de meios e quais métricas considera mais importantes?

Um bom planeamento de meios é avaliado por diversos KPIs que vão além das metas de comunicação e conversão. Alguns desses indicadores podem incluir a taxa de compliance, o alcance e a frequência. O Engajamento que mede o nível de interacção do público com a comunicação, incluindo pacotes de patrocínio com mecânicas interactivas e oferta de brindes, além de spots publicitários.

No que diz respeito ao digital, existe a taxa de cliques que indica a proporção de pessoas que clicaram no anúncio em relação ao número total de pessoas expostas a ele. Uma alta taxa de cliques geralmente indica relevância e atratividade do anúncio, mas pode não resultar em altas taxas de conversão se a plataforma de destino não estiver preparada para proporcionar a finalização do processo de conversão/compra.

Outras métricas podem incluir o custo por contacto. E o mais importante, o ROI que mostra o retorno financeiro face ao investimento.

A análise dessas e outras métricas em conjunto permite uma visão mais abrangente do desempenho do planeamento de meios e identifica áreas de melhoria para optimizar futuras campanhas. Estudos pós-campanha são essenciais para entender quem viu, onde viu e a receptividade à mensagem, incluindo elementos criativos e eficácia das mensagens.

Quais são os meios mais recomendados aos vossos clientes? Porquê?

Os meios são seleccionados muito em função dos objectivos, do target, da duração da campanha, do budget, dos estudos e informações disponíveis. Não há um one size fits all ou tamanho único, cada estratégia é diferente para que possa acomodar as necessidades e recursos do cliente.

Tendo a TV e Rádio uma grande penetração no nosso mercado, estes meios são geralmente recomendados com o uso de outros veículos complementares como Outdoor, o Digital, Redes Sociais e Marketing de Influência, e em alguns casos até imprensa.

Que tipo de formações busca para se manter actualizada sobre as plataformas de media em constante evolução e as oportunidades que elas oferecem?

Busco em geral estar informada sobre tendências, novos meios e, sobretudo, inovação, seja ela nos novos media seja nos tradicionais.

O trabalho de Media é muito “learning on Job”, e requer um processo de educação contínuo. Procuro também saber mais sobre temas como liderança, gestão criativa de problemas, inovação para mercados em subdesenvolvimento, desenvolvimento pessoal, Digital e Redes Sociais, etc.

Neste momento estou apaixonada por podcasts e tenho estado a aprender um pouco mais sobre este ramo e formas de rentabilização, o facto de trabalhar com equipas super jovens também me ajuda a estar ligada a todas as trends e temos um grande espírito enorme de partilha de conhecimento. E o mais importante é sempre aplicar o que se aprende.

Quais foram os principais desafios que já enfrentou ao longo da sua trajectória profissional e como os superou?

Ao longo da minha carreira enfrentei diversos desafios significativos, incluindo ter de trabalhar com poucos dados e pesquisas, trabalhar marcas de raíz desde o desenvolvimento do produto até fazê-lo chegar ao consumidor, adaptação a mudanças tecnológicas, dificuldades em transmitir a essência de Angola, especialmente a pessoas que dificilmente entenderiam.

Quanto à superação, aconteceu com interesse, pressão por resultados imediatos, gestão remota de equipe e adaptação a outros mercados. Para superar esses desafios, busquei constantemente aprimorar minhas habilidades de liderança, comunicação e resolução de problemas, além de buscar apoio em pessoas da área, mentores e outros recursos externos, como livros de gestão, liderança e autoconhecimento.

O aprendizado contínuo e a capacidade de adaptação foram fundamentais para o meu crescimento profissional.

Janaína Carneiro, Regional Lead Simply Black Media

Quais experiências profissionais anteriores contribuíram significativamente para o seu desenvolvimento como líder regional de Media da Simply Back?

Acredito que todas, no fundo acabamos por contribuir com todas as valias que trazemos, o facto de ter sido gestora de grandes marcas e de ter também trabalhado em agências moldou-me para ser a profissional que sou hoje e aspiro continuar a aprender e a crescer.

Desde a oportunidade de trabalhar grandes marcas ao lançamento de novos produtos, ou a entrada em outros mercados, assumir equipes maiores, ter a oportunidade trabalhar em diferentes ambientes corporativos entre outras, não consigo olhá-las isoladamente cada uma teve o seu papel e todas são motivo de orgulho, posso dizer também que estou num Happy Place, a Simply Black tem os valores muito alinhados aos meus e é um óptimo lugar para crescer e trabalhar.

Como define “sucesso” na sua função de líder e quais são as suas metas profissionais a longo prazo?

Para mim o sucesso é ter a oportunidade de partilhar conhecimento e ver as equipes e colegas ao nosso redor darem o seu melhor, e encher-nos de orgulho! Adoro fazer parte de histórias de sucesso, gosto de “dar sangue” como dizemos por aqui.

Como a sua vida pessoal influencia ou se conecta com a sua abordagem e perspectiva no trabalho, e quais estratégias adopta para manter esse equilíbrio?

Qual equilíbrio? Encaro o trabalho com muita responsabilidade, mas também sei (tento) cuidar de mim e dos meus, tento ter uma vida saudável e equilibrada que muitas vezes sai dos eixos, mas é necessário ter perseverança para vezes sem conta colocar as coisas no lugar. Dizem que levamos cerca de 21 dias para criar um novo hábito e 2/3 dias para perdê-lo, o importante é começar quantas vezes for necessário.

Como lida com o estresse e as demandas do trabalho de forma saudável e eficaz?

 Tempo com a família, 2 litros de água por dia, um bom livro, meditação, momentos de crescimento espiritual, exercício físico, convívios sociais costumam, ser terapêuticos para mim.

Quais são os seus hobbies ou interesses fora do trabalho que você considera importantes para seu bem-estar pessoal?

Ler, adoro praia e viajar, cozinhar… 

Quais as suas fontes de inspiração ou modelos a seguir, tanto no âmbito profissional quanto pessoal?

Os meus pais, que sempre foram profissionais dedicados e comprometidos, as pessoas ao meu redor os meus actuais líderes e colegas e mentores da Simply Black, alguns ex-colegas que se tornaram amigos ao longo desta jornada, e algumas outras pessoas famosas que tiveram e tem a oportunidade de impactar a vida de milhares de pessoas.

Que conselhos daria para mulheres que procuram crescer nas suas carreiras nesta indústria, com base em sua própria experiência académica e profissional?

Trabalhem duro e não parem de aprender, que desenvolvam uma rede de suporte tão forte que lhes permita serem profissionais/esposas e mães com menos culpa. Infelizmente muitas vezes não é possível ter tudo, ou como dizia um ex-chefe que tive, “não se pode comer o bolo e guardar o bolo.”

Fotografias: Joaquim Carlos

Redacção: ola@targeting.ao

Experimente o Dark Mode. Clique no botão do canto superior direito, junto à barra de pesquisa.

Compartilhe este artigo
Deixe um comentário

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *