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5 coisas que aprendi em 6 anos a vender tecnologia em Angola

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A nossa história começa em 2016 quando, finalmente, abrimos a empresa INDEX, focada em Marketing Digital e desenvolvimento de websites. Mas, a mesma faliu porque naquela altura não sabíamos o que estávamos a fazer de concreto, tínhamos vontade enorme de vencer, mas não conhecíamos as regras básicas de negócio.

 

Em 2017 reabrimos e já com outro nome – Select Midia, que depois virou Select Services, focada em desenvolvimento de websites e sistemas informáticos sob medida. O nosso nicho era específico: empresas de médio e grande porte.

 

A estratégia funcionou e crescemos verticalmente durante os primeiros 3 anos. Importante frisar que nos primeiros 3 anos não tivemos investimento externo, a nossa vontade de vencer e capacidade de ir atrás do sonho falou mais alto que qualquer dificuldade que encontramos no caminho e, durante esta viagem, temos orgulho em dizer que conseguimos manter a equipa sólida, os salários em dia e as dívidas quase nulas, mesmo vendendo tecnologia em um mercado hostil a inovações.

 

O crescimento fez-nos cometer alguns erros como é normal, pela inexperiência, mas também fez-nos aprender 5 lições importantes que espelho abaixo:

 

1. Os clientes são limitados, a maior parte não entende o que vendemos e o valor que agregamos

 

Os clientes são limitados. Angola tem mais ou menos 41 mil empresas operacionais, segundo o INE no seu relatório anual de 2015-2018, e mais de 50% destas estão num único sector que é o retalho. Logo, a procura por produtos digitais não é uma realidade para maior parte destas empresas. O nível de entendimento do valor que a tecnologia pode agregar a essas empresas ainda é recebido com cinismo.

 

2. O mercado não está preparado para maior parte das soluções “inovadoras” e que achamos especiais

 

Dois reparos sinceros que fiz do nosso mercado, são:

a) A maior parte dos empreendedores apresenta soluções baseadas em problemas que na sua maioria não se conectam a nossa realidade. Isto por causa das influências externas da Europa e América. Os problemas africanos precisam de tempo para serem estudados e analisados. Pessoalmente também cometi este erro: quando começamos, apresentamos soluções que pouco tinham a ver com a realidade angolana, mas aprendemos ao longo do tempo a ajustar, estudar e apresentar produtos que vão de encontro a nossa realidade.

 

b) O nosso mercado não tem capital de risco disponível para “todos”. O capital de risco no nosso mercado ainda é selectivo, é necessário fazer acontecer primeiro antes de alguém se sentir comovido a apostar nas nossas soluções.

 

3. Não existem leis concretas para o digital

 

A internet é um assunto novo na nossa sociedade e ainda não existem leis concretas para o comércio digital, interacções digitais, empresas 100% digitais e todas outras possíveis actividades digitais. Acredito que as autoridades já começaram a olhar para este assunto com alguma seriedade tendo em conta a grande influência que as redes sociais tiveram nos últimos acontecimentos sociopolíticos do país.

 

4. Quem conheces define a tua receita e não a eficácia ou robustez das tuas soluções

 

Como disse no ponto 2, o capital de risco em Angola é selectivo, bem como os bons “contratos”. A robustez da tua solução não define a tua receita. É necessário fazer bons amigos, ter um networking alargado para podermos ter contratos, mas esta realidade não é exclusiva a Angola. Em todo mundo precisamos de um network saudável para sobreviver no mundo dos negócios.

 

5. Precisas ser teimoso o suficiente para continuar a levar pancadas e baixas, ano após ano, sem desistir do teu objectivo

 

Ter uma ideia, ser bom profissional e construir equipa não são suficientes para estar no nosso mercado e empreender. É necessária uma teimosia doentia para continuar a acreditar que vai dar certo quando todos os indicadores estão contra nós. O mercado angolano é selvagem, imprevisível e altamente hostil aos empreendedores do ramo da tecnologia, mas é possível sobreviver. Para tal, é necessário sacrificar toda energia passível para atingir o bem maior que é o nosso “sonho”.

 

Bonus: Em 6 anos, depois de cometer uns mil e quinhentos erros, apercebi-me de que estava a vender um Porsche em uma praça, como elucidou-me o professor João Ndala. Foi uma revelação tão profunda que mudou completamente a nossa operação.

 

Continuamos a vender tecnologia sim, mas com um foco em soluções que o mercado precisa e não em soluções bonitas que apresentávamos, por isso lançamos o Dexa Contas, software de facturação direcionado a pequenos e micro negócios, bem como profissionais liberais, que permite emitir facturas certificadas pela AGT a partir do smartphone. Felizmente tem sido um sucesso.

Lizandro Chissupa
CEO da Select Services
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