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O Planeamento Estratégico do Grupo Chana está sob comando da Diandra

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O privilégio de trabalhar numa empresa de família, fundada há 31 anos, não fez com que Diandra se acomodasse ou se tornasse em mais “uma profissional”. Pelo contrário, tornou-se numa profissional movida por resultados e que gosta de trabalhar em projectos inovadores. Para celebrar o Mês das Mulheres, o TARGETING teve a honra de entrevistar algumas mulheres que assumem cargos de liderança em médias e grandes empresas angolanas ou com operações em Angola. Apresentamos a Diandra Vaal Neto, mulher que desde Janeiro de 2023 está no comando da Direcção de Planeamento Estratégico do Grupo Chana, empresa com vasta experiência na comercialização de automóveis.

“Quando começamos vendíamos maioritariamente carros usados, mas com a actualização da lei de importação de veículos usados, que proibia a importação de veículos ligeiros com mais de três anos, fomos obrigados a reinventar-nos e entrar para o negócio dos veículos novos, até evoluirmos para a representação de marcas que é o caso da BMW, Mini e da marca chinesa BAIC.”

Sabemos que já integra a equipa da Chana há algum tempo. Como se deu a sua entrada na Chana, quais cargos ocupou até chegar ao actual?

Eu integro a Chana praticamente desde que nasci (risos). A Chana é uma empresa familiar que foi fundada há 31 anos pelo meu pai. A primeira função que tive na empresa foi como Corporate Marketing Manager, na altura estávamos a negociar a representação da marca BMW e Mini para Angola e foi quando assumi este desafio de implementar a Angobavaria, a representante autorizada destas distintas marcas internacionais. Em seguida sofremos uma reestruturação e fui nomeada para o Conselho de Administração onde assumi algumas funções e uma unidade de negócio, a Chana Assistência Técnica e Serviços (ATS), que era a empresa responsável por todo o pós-venda do Grupo. Em Janeiro deste ano assumi um novo desafio como Directora do recém criado DPE – Direcção de Planeamento Estratégico da Chana SA. Esta direcção é responsável pelas áreas de Gestão de Projectos, T.I e Inovação, Qualidade, Ambiente, Segurança e pelo Capital Humano de todas as quatro empresas do Grupo Chana.

O que se espera de alguém que dirige e planeia e estratégia de uma empresa com a história da Chana?

Penso que o maior desafio passa por redefinir e redesenhar os processos da empresa, por ser a Chana um grupo que actua no mercado há muitos anos. A criação da DPE culminou da decisão estratégica do novo Conselho de Administração para acelerar o processo de inovação, acompanharmos os padrões internacionais e a dinâmica das empresas no nosso sector. A missão da Direcção de Planeamento Estratégico é servir como equipa de suporte e de acompanhamento às unidades de negócio, e garantir que cumpram com os objectivos traçados no nosso plano estratégico. O nosso núcleo não existe para apagar a história que nos acompanha ao longo destes 31 anos, mas para assegurar a sucessão, preservar a solidez e garantir a sustentabilidade das nossas empresas nos próximos anos. 

O que lhe foi colocado como desafio nesta nova função, uma vez que será a directora a nível do Grupo Chana?

O maior desafio da DPE é, sem dúvida, a resistência à mudança, porque os colaboradores estão habituados a um modelo de gestão diferente e modernizá-lo ou torná-lo mais ágil leva tempo, mas tenho muita confiança naquilo que estamos a fazer e nos gestores indicados para concretizarmos os nossos objectivos estratégicos.

O vosso segmento se move com muita rapidez, e vemos um futuro com tendências que ditarão os próximos anos nascendo diariamente. Como vocês se têm preparado para os grandes desafios do mercado?

Só o facto de estarmos a preparar-nos estrategicamente para estas mudanças já é um factor de diferenciação. O sector da mobilidade mundial está avaliado em mais de 200 bilhões de USD, e tendências como as dos carros eléctricos, apesar de ainda não se sentir um impacto directo em Angola, influenciam a dinâmica das concessionárias e das marcas, porque precisamos de começar a estudar e avaliar novas formas de fazer o nosso negócio. Mas penso que somos um Grupo que abraça bem os desafios. Quando começamos vendíamos maioritariamente carros usados, mas com a actualização da lei de importação de veículos usados, que proibia a importação de veículos ligeiros com mais de três anos, fomos obrigados a reinventar-nos e entrar para o negócio dos veículos novos, até evoluirmos para a representação de marcas que é o caso da BMW, Mini e da marca chinesa BAIC. Depois tivemos a pandemia que trouxe outros desafios, vimo-nos obrigados a criar processos ligados a transformação digital, reavaliar as empresas do Grupo e reduzir pessoal. Então, ao longo destes anos, temos vindo a sofrer vários processos e por isso criamos a Direcção de Planeamento Estratégico para que o futuro não chegue sem estarmos preparados.

Diandra Vaal Neto, Directora de Planeamento Estratégico do Grupo Chana.

Vimos outras empresas do vosso segmento a nascer, crescer e consolidarem-se. Isso vos preocupa? Faz parte do vosso planeamento estratégico reconquistar e dominar um mercado que agora é mais competitivo que há 30 anos?

Não nos preocupa porque acreditamos que a competição saudável é crucial para o desenvolvimento do país e do sector automóvel. Faz parte do nosso plano sim voltarmos a conquistar o mercado e o público que acompanha o nosso crescimento. É muito gratificante saber que a Chana já realizou o sonho do primeiro carro de muitos angolanos e é para aí que também queremos voltar, acompanhar o crescimento populacional e posicionarmo-nos como uma empresa madura, mas com espírito jovem.

“Lugar da mulher é onde ela quiser”. Acha que o seu novo cargo pode abrir espaço para que outras mulheres da Chana e não só consigam almejar uma carreira de liderança?

Sem dúvida, até porque acredito que a representatividade importa. O nosso continente está cheio de mulheres que tiveram como missão de vida abrir caminho para outras mulheres, e eu em particular sou um exemplo disso. Por isso, sim, acredito que sou também um veículo para as próximas gerações de mulheres angolanas. Neste mês em que celebramos a mulher, tenho muito orgulho em dizer que implementamos a nossa rede interna de networking e troca de experiências entre colegas denominado “Mulher Chana”. Esta rede irá proporcionar às nossas colaboradoras, oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional para assumirem posições de decisão.

É mulher e ocupa um cargo do topo. Já teve algum tipo de sentimento de autossabotagem? Como lida com essa situação e quais dicas dá para as mulheres que se sentem assim nos projectos, áreas e lugares em que actuam?

Sim, e estaria a mentir se dissesse que não. Acho que todas as mulheres em algum momento da vida se “autossabotaram’’ porque acredito que com grandes desafios vêm grandes responsabilidades. A mensagem que deixo as mulheres é: acreditem no processo! Sim, parece tudo muito difícil, mas nós já temos dentro de nós tudo o que precisamos para sermos bem-sucedidas e para sermos agentes da mudança, mas é preciso acreditarmos, termos muita fé que vamos atingir os nossos objectivos. Com o planeamento certo e as ferramentas podemos alcançar resultados extraordinários. Diria também para procurarem por uma mentora, é mais importante do que parece.

 Eu hoje sou uma mulher que aprendi a abraçar os desafios e que gosta de trabalhar em projectos inovadores. Por isso digo sempre às mulheres que cada uma delas busque pelo seu propósito.

Quais características ou habilidades considera essenciais numa liderança? Como as desenvolve e alimenta regularmente?

Penso que a maior qualidade de um líder é a empatia. Se conseguirmos todos os dias impactar de forma positiva a vida de alguém, também já estaremos num bom caminho. Eu alimento estas habilidades interagindo com as minhas equipas, não me coloco numa posição de que sei tudo, e tento estar sempre aberta a aprender e a implementar dinâmicas novas, desde que contribuam para os nossos objectivos.

Quando falta combustível no tanque de uma líder, como é reabastecido?

É reabastecido com resultados. Nós temos que ser movidos por resultados.

Quais mulheres inspiradoras a Diandra segue, lê e observa? Como elas lhe inspiram?

Quem me conhece sabe que sou grande fã da Oprah Winfrey, e que desde pequena que sigo e leio muito sobre ela. Ela inspira-me por ser uma mulher que construiu um império sendo considerada minoria num país como os Estados Unidos, onde mulheres como elas enfrentam outro tipo de desafios para chegar a posições de liderança. Podia falar de muitas outras, mas talvez a nível de mulheres famosas seja a que acompanho e observo há mais tempo. Eu sinto que a Oprah é uma amiga minha imaginária (risos) e sei que um dia ainda vou conhecê-la.

“É muito gratificante saber que a Chana já realizou o sonho do primeiro carro de muitos angolanos e é para aí que também queremos voltar, acompanhar o crescimento populacional e posicionarmo-nos como uma empresa madura, mas com espírito jovem.”

Por fim, séries, filmes, livros e/ou músicas que consumiu recentemente e lhe fizeram refletir sobre a condição e o papel das mulheres no mundo dos negócios?

Ultimamente tenho estado a pensar muito no filme nacional Njinga – Rainha de Angola, depois de ter visto uma série da Netflix sobre a nossa rainha. E recomendo este filme porque lembro-me que quando vi estava a viver já há alguns anos fora de Angola, e fez-me muito bem ter este contacto com uma peça tão importante da nossa história. Hoje, infelizmente, o jovem angolano cada vez mais pouco ou nada sabe sobre a história de Angola e aquele filme foi uma lufada de ar fresco para mim e veio reforçar o meu orgulho de ser mulher e de ser angolana.

Fotografias: William Silva

Redacção: ola@targeting.ao

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