O investimento global em Tecnologias de Informação (TI) deverá atingir os 5,43 mil milhões de dólares em 2025, representando um crescimento de 7,9% face aos 7,4% 2024. A projecção é avançada pela consultora internacional Gartner, que aponta a Inteligência Artificial (IA), especialmente a IA generativa (GenAI), como um dos principais motores deste aumento, apesar da actual incerteza económica e geopolítica que levou várias empresas a suspender investimentos estratégicos.
Segundo John-David Lovelock, Vice-Presidente e Analista Distinto da Gartner, a “pausa de incerteza” que afecta os gastos líquidos está a ser compensada por investimentos estruturais em infra-estruturas orientadas para a IA. “Os centros de dados estão a assistir a um crescimento impulsionado pela GenAI, com gastos em servidores optimizados para IA, praticamente inexistentes em 2021, a caminho de triplicar em relação aos servidores tradicionais até 2027”, detalha o especialista.
A análise baseia-se numa pesquisa realizada entre Março e Maio de 2025 com 252 líderes seniores de empresas na América do Norte e Europa Ocidental, todas com facturação anual superior a 500 milhões de dólares. O inquérito revelou que 62% dos inquiridos identificam a IA como um factor determinante para a competitividade nos próximos 10 anos, enquanto 64% afirmam que os investimentos tecnológicos estão a ser guiados pela necessidade de manter a vantagem competitiva num contexto global cada vez mais volátil.
Com a IA generativa a afastar-se do entusiasmo inicial e a entrar na fase que a Gartner descreve como o “fundo do poço da desilusão”, a tendência entre os Chief Information Officers (CIOs) é procurar soluções mais pragmáticas, fáceis de implementar e com valor comprovado. “Estão a ser vendidos casos de uso de GenAI, mas os líderes não compram necessariamente — há uma procura por funcionalidade concreta, mais do que por promessa tecnológica”, refere Lovelock.
A pausa de incerteza mencionada refere-se a uma contenção deliberada de novos investimentos, sobretudo em sectores como hardware e infra-estrutura de TI, fortemente afectados por aumentos de preços e interrupções nas cadeias de abastecimento. No entanto, gastos contínuos, como serviços na nuvem e serviços geridos, demonstram maior estabilidade.
Apesar de 61% das empresas inquiridas afirmarem ter iniciado 2025 em melhor posição do que no ano anterior, apenas 24% acreditam que terminarão o ano à frente do planeado. A percepção de risco continua alta: 41% dos líderes apontam choques económicos como a principal ameaça, seguidos por 32% que referem riscos geopolíticos. Curiosamente, a pressão competitiva e regulamentar parece ser vista como mais gerível.
A Gartner sublinha que a sua previsão é baseada na análise de vendas de mais de mil fornecedores de TI, cobrindo hardware, software, serviços e telecomunicações. A consultora combina dados primários e secundários para construir uma base robusta de indicadores de mercado, actualizada trimestralmente.
Redacção: ola@targeting.ao