O impacto da digitalização e automatização de processos num país como Angola, fértil em acidentes inesperados, é ainda um desafio para a própria inteligência artificial global. Quem vive em Angola sabe que o grito de celebração “lujeeeee” (quando acontece a reposição da energia eléctrica após um “apagão”), apesar de ser cada vez menos frequente, ainda é uma realidade. A IA sabe disto, mas não sabe com certeza melhor do que eu, humano… e angolano!
Muitos profissionais questionam-me se acho que vamos ficar sem emprego devido à inteligência artificial. A minha resposta é sim, há uma alta probabilidade de reduzir pessoas nas equipa. Mas sempre haverá muito trabalho.
A IA precisa de alguém que a monitorize, apesar de reduzir muito o tempo de resposta principalmente de tarefas mecânicas que não exigem tanto raciocínio lógico e pensamento crítico. Por exemplo, neste meu artigo, a correção gramatical foi feita por um ferramenta para o efeito (LanguageTool), mas mesmo assim voltou a ser revisto.
Deveremos ter cautela com a ilusão que facilmente a IA cria nos nossos cérebros.
A ideia de que podemos viver sozinhos, só nós e as ferramentas de IA, é uma mentira muito bem vendida com o “slogan” de que está tudo facilitado. Nós não somos super profissionais e, mesmo com domínio absoluto de ferramentas de IA, é imperativo que se continue a trabalhar de forma colaborativa, pois uma das grandes desvantagens da digitalização e da automatização é a falsa ideia de que juntos não somos tão fortes assim. No final são seres humanos que dinamizam estas soluções inovadoras e a sua saúde mental também passa pelo envolvimento com outros humanos.
A tomada de decisão, análise e filtragem das soluções que a máquina nos passa vão continuar a depender da nossa capacidade de gerar e entregar valor.
A exigência no saber fazer e no porquê das coisas é maior, pois, só desta forma conseguimos tirar o melhor potencial da máquina. Felizmente, por mais automações que existam, haverá sempre a necessidade de existir um ou dois cérebros humanos. A contextualização, as circunstâncias e adaptabilidade aos eventos inesperados do dia reforça que poderão ser poucos elementos nas equipas, mas deverão ser aqueles que dão respostas.
O mundo dos negócios está a viver uma nova revolução e quem se negar a prestar atenção, vai lamentar imenso e culpar a sorte e o azar. Skills como pensamento crítico, raciocínio lógico e numérico devem ser muito reforçados pelas academias sob pena de continuarmos a seguir modelos completamente obsoletos as necessidades do mercado.

Ivo Guimarães
Gestor de Talento
RH Analítico e Transformação Digital.