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Visão estratégica e resiliência: o protagonismo dos CEOs angolanos no “CEO Outlook 2025” da KPMG

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Por Targeting
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No recente Summit Anual da Forbes África Lusófona, em Luanda, a apresentação do relatório CEO Outlook 2025 da KPMG, conduzida por Vítor Ribeirinho, Senior Partner da KPMG Portugal e Angola, destacou um marco relevante: 25 CEOs angolanos – representantes de 12 sectores chave da economia nacional – participaram numa edição que, pela primeira vez, dá um retrato mais nítido da liderança empresarial nacional. Este gesto não é apenas simbólico. Ele sinaliza a consolidação de um pensamento estratégico em Angola que dialoga com as grandes tendências internacionais, mas preserva uma leitura própria sobre os desafios económicos e geopolíticos contemporâneos.

O estudo revela que a confiança dos CEOs a nível global sofreu um recuo, reflexo de um ambiente marcado por incerteza prolongada. Contudo, o comportamento dos líderes angolanos contrasta com este pessimismo generalizado. Tal como muitos dos seus pares internacionais, mas com traços particulares, os CEOs em Angola respondem à adversidade não com retração, mas com investimento em inteligência artificial (IA), talento e governança. São estes os pilares que definem a sua visão para os próximos anos.

Eixo 1 – IA e talento: o novo eixo da competitividade

Entre os líderes angolanos, 74% identificam a IA como prioridade estratégica, um valor que acompanha, e em alguns pontos supera, a tendência global. Aproximadamente um quarto das empresas já destina até 20% do seu orçamento a iniciativas de IA – um indicador de que o país deixou para trás a fase da experimentação tímida e entrou na etapa de adoção estratégica.

Dois aspetos sobressaem neste movimento:

  1. 1. Ambição tecnológica
  2. Os CEOs não olham para a IA como mera modernização. Vêem-na como uma tecnologia de base, capaz de transformar operações, acelerar a tomada de decisão e abrir espaço para novos modelos de negócio. A lógica é de protagonismo, não de acompanhamento.
  3. 2. Consciência ética e regulatória
  4. Em paralelo, o estudo mostra que as principais barreiras percebidas são éticas e regulatórias, além da insuficiente preparação dos dados. Esta combinação – ambição com prudência – revela uma liderança que compreende que a tecnologia só cria valor quando acompanhada de responsabilidade.
  5. Mas, a grande diferença em relação a muitos mercados está na questão das pessoas. 67% dos CEOs angolanos já estão a requalificar equipas para funções potenciadas pela IA, e 58% estão a reforçar quadros com competências tecnológicas. A mensagem é clara: investir em IA sem investir em talento seria comprometer o próprio futuro.
  6. Eixo 2 – Gestão de riscos e governança: proteger para crescer
  7. Outro eixo importante do relatório é a crescente maturidade das empresas angolanas na proteção dos seus sistemas e na organização dos seus processos.
  8. 53% apontam a cibersegurança como prioridade de investimento – alinhado com a tendência global e cada vez mais urgente num mercado onde a digitalização já não é opcional.
  9. 47% consideram a integração da IA nos processos como parte central da sua estratégia operacional.
  10. • E um conjunto expressivo de líderes destaca a necessidade de reforçar compliance, reporte e regulamentação interna, sinalizando a procura por estruturas de governança mais robustas.
    Este equilíbrio entre inovação e blindagem é um dos sinais mais fortes da maturidade empresarial emergente em Angola.
  11. Eixo 3 – ESG e sustentabilidade: de promessa a compromisso real
  12. Numa altura em que a sustentabilidade deixou de ser um slogan para se tornar um factor competitivo, o CEO Outlook 2025 mostra que 54% dos líderes angolanos afirmam estar no caminho para atingir metas de neutralidade carbónica até 2030 – uma taxa superior à de muitos mercados emergentes.
  13. Além disso, 73% colocam a divulgação e reporte ESG como prioridade, reforçando que transparência e credibilidade são activos tão valiosos quanto capital financeiro.
  14. A IA, neste contexto, surge como ferramenta para melhorar dados, identificar oportunidades de eficiência e reduzir impactos ambientais – uma integração que posiciona o país de forma muito mais alinhada às tendências globais de sustentabilidade corporativa.
  15. Reflexões finais: liderança que enfrenta o futuro de frente
  16. O CEO Outlook 2025 deixa uma mensagem clara: a liderança angolana está a mudar – e a mudar para melhor.
  17. Os CEOs revelam:
  18. Proatividade diante da volatilidade global;
  19. Visão de longo prazo, ao alinharem tecnologia, talento e sustentabilidade;
  20. Capacidade de adaptação, ao reorganizarem equipas, operações e modelos de negócio;
  21. Responsabilidade ética, ao reconhecerem riscos sem travar inovação.
  22. Mais do que resistir às adversidades, os líderes angolanos demonstram que querem moldar o futuro – e fazê-lo de forma inteligente, inclusiva e sustentável.
  23. Se mantiverem este rumo, estarão não apenas a fortalecer as suas empresas, mas a contribuir para um ecossistema empresarial angolano mais competitivo, mais preparado e mais conectado com as exigências do século XXI.
  24. E agora, aguardamos com expectativa o que o CEO Outlook 2026 da KPMG nos trará sobre as lideranças angolanas – certamente será mais um retrato revelador da evolução e resiliência dos nossos líderes.

Filipe Vidal Avelino

Presidente do Conselho Fiscal da Resultados SCVM –
Sociedade Corretora de Valores Mobiliários

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2 Comentários
  • Sua abordagem pontual do tema , nos remete a acompanhar está dinâmica, não só do autor Filipe, como pela KPMG, é importante dar conta que existem recomendações claras e específicas mas vou centrar na que para mim é pontual em relação ao relatório da KPMG CEO Outlook 2025 para os líderes empresariais foram: investir em transformação digital (com foco em inteligência artificial) e reforçar competências internas/talento humano ( 94% dos CEOs afirmaram que reforçar as equipas é prioridade nos próximos anos).
    O talento é considerado o principal motor de competitividade, especialmente em Angola, onde os líderes mostraram foco em consolidar competências internas.
    Recomendação: investir em capacitação, retenção e desenvolvimento de pessoas, criando ambientes que valorizem inovação e resiliência.
    Esperamos em 2026 A efetivação desta estratégia.

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