Que o Marketing conecta produtos e serviços ou marcas a pessoas, isso já é sabido. Que existem várias maneiras de uma marca apresentar-se e conectar-se ao consumidor, não é difícil de perceber. Mas quando falamos de cultura e a entendemos como um conjunto de elementos comuns a um povo, tais como a língua, a gastronomia, os hábitos, as crenças e comportamentos, é quase automática a sensação de pertença que algumas marcas despertam neste quesito.
Deste modo, surge um casamento bonito a que chamamos Marketing Cultural, através do qual as marcas estudam, identificam, seleccionam e utilizam elementos culturais para determinada acção, evento ou estratégia.
O conceito surgiu em 1966, quando Rockfeller, no seu discurso sobre “Cultura e Corporações”, afirmou que quando uma empresa investe em cultura, está a beneficiar-se a si mesma. Contudo, o Marketing Cultural como tal, só começou a desenvolver-se na década de 90 e desde então tem sido uma ferramenta que apresenta soluções relativamente acessíveis e consegue atingir exigências de mercado como a diferenciação da marca, diferenciação do mix de comunicação para o seu público e inserção na sociedade como uma empresa socialmente responsável.
O Marketing Cultural assume assim um papel importante na humanização e na proximidade com o público em geral, visto que não abrange apenas os consumidores habituais, mas tem o potencial de alcançar novas pessoas.
Paralelamente, junta-se a vertente artística, onde a participação, promoção e suporte a criadores de arte, torna-se uma ferramenta de construção e afirmação social, que para além da reputação, posiciona a marca diferenciando-a da sua concorrência.
Desde patrocínios a concertos, festivais, exposições, parcerias com entidades culturais públicas e privadas, ou a identificação de uma acção ligada a um momento importante da sociedade, há um conjunto de oportunidades que podem elevar as marcas no sector da cultura.
A nível mundial, há iniciativas que se destacam como o Holi (festival das cores), Coachella, Meo Sudoeste, Carnaval (Brasil, Veneza, Cabo-verde), Ultra, Cape Town Internacional Jazz Fest, Oktoberfest, Tomorrowland e muitos outros que anualmente levam milhares de visitantes a diferentes destinos, promovendo uma imersão cultural diferenciada.
Eventos como a Bienal de Luanda, Nocal Summer Land, ENSA Arte, Unitel Festa da Música, Festival Caixa Fado, Kaluanda Fest, FestiSumbe, e também as datas comemorativas e festas populares como o Carnaval ou o Dia da Independência, são exemplos locais da força do Marketing Cultural.
Assim, quando uma marca consegue entender o contexto cultural em que está inserida, ela pode potenciar o turismo, movimentar a economia e tornar-se uma poderosa aliada à construção de memórias e experiências que o consumidor recordará por muito tempo.
Djanira Barbosa
Técnica de Comunicação na Direcção de Marketing
e Negócios Digitais da UNITEL
Uma abordagem que me surpreendeu, de tão pertinente, concisa útil. Obrigado.
É tudo sobre gerar valor para as pessoas e uma das formas mais ancestrais pelas quais as pessoas se conectam é através da ‘cultura’. Sem dúvida, isso fica e permanecerá marcado na história, transcende gerações e acompanha o futuro. SIM, é sobre isso… Ótimo artigo, obrigado.
Conteúdo de grande relevância, parabéns pela abordagem inteligente sobre o assunto pouco atendido pelas empresas e marketeiros