O governo francês deu esta semana um passo decisivo contra a plataforma de moda rápida Shein, ao iniciar procedimentos para suspender o acesso ao seu marketplace online em território francês. A medida surge após terem sido identificadas à venda no site bonecas sexuais com aparência infantil, facto que desencadeou uma onda de indignação pública e institucional.
A Direcção-Geral de Concorrência, Consumo e Repressão à Fraude (DGCCRF), unidade responsável pela fiscalização económica em França, confirmou a presença dos artigos na plataforma e classificou o caso como “de natureza difícil de duvidar” quanto à sua associação à pornografia infantil.
O ministro francês da Economia, Roland Lescure, reagiu com firmeza, advertindo que, em caso de reincidência, o governo está preparado para banir a empresa do mercado francês.
Em resposta imediata, a Shein anunciou uma proibição total da venda de bonecas sexuais no seu marketplace e suspendeu temporariamente toda a categoria de produtos para adultos, enquanto conduz uma auditoria interna. A empresa assegurou ainda que irá cooperar com as autoridades francesas, fornecendo informações sobre os compradores dos artigos em causa e reforçando os mecanismos de controlo de produtos listados por vendedores externos.
A polémica surge num momento particularmente sensível para a marca chinesa, que acabava de inaugurar a sua primeira loja física permanente em Paris, no emblemático BHV Marais. A coincidência agravou o impacto da crise, que ultrapassou o ambiente digital e afectou a estratégia de expansão física da empresa em França.
Segundo o Ministério das Finanças francês, caso a Shein não consiga garantir a remoção definitiva dos produtos proibidos, o bloqueio ao seu site poderá ser decretado ainda esta semana — uma medida que, embora direccionada ao ambiente digital, poderá ter repercussões directas na reputação e operação comercial da marca no país.
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O caso reacende o debate sobre a responsabilidade ética das plataformas de comércio electrónico, sobretudo quanto à verificação dos produtos disponibilizados e ao controlo de conteúdos sensíveis.
A SHEIN já enfrentava sanções acumuladas de cerca de 191 milhões de euros em 2025, decorrentes de violação das normas de cookies, publicidade enganosa e contaminação ambiental por microfibras plásticas.
Fundada na China, a gigante da moda rápida tem sido alvo de críticas recorrentes por parte de organizações laborais e ambientais, que a acusam de promover condições precárias de trabalho e de adoptar um modelo de produção intensivo e insustentável.
Com a intervenção das autoridades francesas, a empresa enfrenta agora a reacção mais dura de um país europeu até ao momento, colocando em causa a sua credibilidade e capacidade de manter operações regulares num dos mercados mais exigentes do continente.
Redacção: ola@targeting.ao





