A Warner Bros. Discovery anunciou uma das maiores reestruturações do sector dos media dos últimos anos, ao decidir dividir-se em duas entidades operacionais independentes. A mudança, que reconfigura grande parte da fusão entre a Warner Media e a Discovery Communications realizada em 2022, reflecte a necessidade de adaptação da empresa a um mercado cada vez mais dominado pelo streaming e pela fragmentação das audiências.
De acordo com o The Wall Street Journal, a primeira das novas empresas, designada provisoriamente como Global Networks, irá concentrar os canais por cabo como a CNN, TNT e TBS. Esta unidade será responsável por manter uma participação minoritária, até 20%, na segunda empresa, Streaming & Studios, que ficará com os estúdios de cinema e o serviço HBO Max, integrando assim as operações de entretenimento e produção audiovisual de maior visibilidade global.
A reorganização surge num contexto desafiante para os grandes conglomerados mediáticos, marcados pela queda contínua das receitas da televisão linear tradicional. Nos últimos trimestres, a Warner registou um recuo de 6% nas receitas dos canais de cabo, apesar de esta ainda ser, até agora, a área mais lucrativa da empresa. Em paralelo, a aposta no streaming, embora promissora, tem enfrentado dificuldades para atingir rentabilidade sustentada, à semelhança do que se passa com outras plataformas concorrentes.
Com esta decisão estratégica, a Warner pretende conferir maior autonomia e capacidade de resposta a cada uma das áreas de negócio. A nova estrutura permitirá, segundo o grupo, uma gestão mais ágil num mercado de media em rápida mutação, além de procurar desbloquear valor para os acionistas num contexto de estagnação dos modelos tradicionais de distribuição.
A liderança das novas empresas já foi definida: David Zaslav, actual CEO da Warner Bros. Discovery, será o presidente executivo da Streaming & Studios, enquanto Gunnar Wiedenfels, actual director financeiro do grupo, assumirá o cargo de CEO da Global Networks.
Um dos pontos mais sensíveis da divisão será a redistribuição da dívida da Warner, que actualmente ronda os 34 mil milhões de dólares. A maior parte deste valor deverá permanecer com a Global Networks, que possui um fluxo de caixa mais estável, ainda que com tendência decrescente.
Redacção: ola@targeting.ao