A gigante do comércio electrónico de moda, Shein, está no centro de uma nova controvérsia no continente europeu, acusada de recorrer a práticas comerciais consideradas enganosas. A denúncia foi formalizada esta semana por um conjunto de organizações de defesa do consumidor, coordenadas pela BEUC – Organização Europeia de Consumidores.
Segundo nota partilhada, a Shein tem recorrido às chamadas dark patterns, um conjunto de técnicas que manipulam a experiência do utilizador para influenciar decisões de compra de forma pouco transparente. Na prática, trata-se de mecanismos que pressionam os consumidores a gastar mais do que pretendiam ou a tomar decisões apressadas, o que, segundo os denunciantes, agrava os impactos ambientais e sociais associados ao modelo de ultra fast fashion.
Entre os exemplos apresentados estão o confirm-shaming (“Tem a certeza que quer sair? Vai perder esta promoção!”), o scroll infinito que dificulta abandonar a navegação, e o nagging, que consiste em mensagens repetitivas e insistentes. Estas práticas são enquadradas como “comerciais desleais” à luz da Directiva Europeia sobre Práticas Comerciais Desleais.
A queixa surge na sequência de investigações realizadas por associações de consumidores em vários países europeus. Os dados recolhidos apontam para prejuízos financeiros para os consumidores, circulação de peças com substâncias nocivas e, mais amplamente, para um impacto negativo na capacidade dos clientes fazerem escolhas informadas e alinhadas com princípios de sustentabilidade.
As entidades envolvidas exigem à Shein a suspensão imediata destas práticas e a apresentação de provas que sustentem a veracidade de testemunhos de clientes publicados no seu website, bem como de mensagens como “stock limitado” ou “promoções relâmpago”. Caso a empresa não consiga comprovar a autenticidade destes elementos, deverá retirá-los das suas plataformas.
De recordar que a Comissão Europeia já havia anunciado, em Fevereiro de 2025, uma investigação sobre o cumprimento das regras comunitárias por parte da Shein. Em Maio, reforçou o apelo à conformidade com a legislação de defesa do consumidor. A denúncia agora apresentada surge como um reforço a esse processo, trazendo novos elementos que, segundo os queixosos, comprovam os impactos negativos destas práticas.
Redacção: ola@targeting.ao