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“Este é o Podcast Mais Criativo de Angola”

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Por Targeting
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Um podcast que se apresenta como o Mais Criativo de Angola, ou do mundo, quando assim decidem os idealizadores e criadores do mesmo. Gelson Lobato e Alberto Charamba, dois profissionais da indústria criativa, concretamente do design gráfico e vídeo, que junto combinam 30 anos de experiência e actividade.

Gelson ou Gelob, como também o chamam, coordena a XYZ Studio, uma produtora de conteúdos audiovisuais. Já Alberto Charamba assume a direcção criativa da Agência Think Tank. Dentro das duas agendas preenchidas e repletas de trabalhos, os dois fazem acontecer um projecto que acreditam ser importante porque sentem a necessidade de mostrar os nomes, os rostos e apresentar as pessoas por trás das ideias, de muita coisa que se vê nas ruas pelo país, não só ao nível de publicidade como a conhecemos (vídeos, outdoors ou panfletos), mas também em rótulos, embalagens ou outras coisas que ninguém imagina.

“Queremos mostrar que é um conteúdo feito em Angola, por angolanos e com a qualidade que já se faz em mercados como o brasileiro, português e em outras bandas. Tem sido interessante fazer isso, hoje o pessoal está a se auto-desafiar e dizem que não querem apenas fazer um projecto como este só por que sim, olham o Mais Criativo como uma referência.” – Alberto Charamba.

A escolha deste nome define aquilo que á a ousadia dos criativos?

Gelson Lobato (GL): Primeiro porque ao não haver um podcast para criativos, decidimos nos definir como o maior e melhor, ponto. Somos os primeiros, quem vier depois vai nos encontrar e ainda seremos o mais criativo. Há muitos anos ouvia o Sarchel a dizer nas entrevistas que o Platina Line era o maior portal de entretenimento de Angola e isso ficou marcado. É justamente esta a ideia, quem vier depois – e esperamos que venham mais -, vai nos encontrar e terá que trabalhar para nos alcançar. Em segundo porque o podcast é para criadores e criativos. Quando começámos, pensamos em fazer um podcast com a ideia de um ficheiro no nome, como criativo.mov, por exemplo. Mas depois vimos que não iria funcionar porque poderia ser o criativo.psd ou criativo.ai. Decidimos pensar em algo diferente, mas que o termo “criativo” continuasse no nome. Não seria apenas uma coisa para fotógrafos, se fosse .psd, nem para videomaker, se fosse .mov. Então, teria de ser apenas criativo, porque também se abriu a janela para os criadores, tanto que nos primeiros episódios fomos intercalando entre um criativo e um criador.

Abrimos esta janela porque sentimos a necessidade de separar os criativos, que são aqueles profissionais que vivem e trabalham essencialmente com a criatividade e que utilizam ferramentas criativas, desde os fotógrafos, os designers, os videomakers, etc. Do outro lado, estão os criadores, e nós aqui também nos incluímos, porque eventualmente passamos também a ser criadores de conteúdos com este podcast, por exemplo, mas o nosso trabalho principal, a nossa função é com a criatividade, somos designers. O criador é aquele que, usando as mesmas ferramentas de criação, se calhar não tão aprofundada como nós, cria os seus conteúdos e passa a sua mensagem. Tem um tripé, uma câmera, um ringlight, usa ferramentas de edição, mas a base dele é de um criador e usa estes itens para criar o seu conteúdo. Ou seja, criamos aqui uma plataforma onde os profissionais criativos têm destaque, mas onde os criadores também têm espaço. Era apenas um podcast para criativos, tanto é que no princípio não tínhamos um nome e num dia dissemos: “este é o Podcast Mais Criativo de Angola, ou do mundo”. E ficou.

Alberto Charamba (AC): A ideia com este podcast é sairmos da nossa bolha ou zona de conforto e tirarmos de lá outras pessoas. Tanto nós, como os convidados, podemos eventualmente servir de inspiração para quem nos vê ou ouve, porque, se calhar, as nossas experiências, as nossas partilhas de conhecimento, referências ou processos criativos podem servir de luz para muitos.

E este é realmente o Podcast Mais Criativo de Angola?

GL: O nome também vem muito em função da ideia de juntar aqui os criativos de várias áreas, desde copywriters, fotógrafos, designers, etc. Vão estar aqui os maiores ou todos os criativos de Angola, o máximo que conseguirmos e de todas as áreas, pelo menos essa é a ideia. É o Podcast Mais Criativo de Angola porque aqui encontras todos os criativos de Angola reunidos.

Qual é a pulsação que têm sentido nestes primeiros meses? Como avaliam o feedback que têm recebido?

AC: O feedback tem sido “bué” positivo. Temos noção de como é a comunidade criativa, mas a cada episódio que sai, seja com criativos ou criadores, tem superado as nossas expectativas. É tudo muito positivo e sobretudo de maneira orgânica. Até então não fizemos investimentos em publicidade digital, mas temos tido alcance e muito engajamento orgânico, porque as pessoas partilham e querem ter acesso aos conteúdos. Recentemente recebemos um convite de um pessoal da Huíla que pretende ter acesso à plataforma. Ou seja, estamos aqui em Luanda, mas temos noção que o material tem chegado a outras províncias e até em outros países. Estamos a garantir a qualidade do conteúdo e naturalmente o feedback tem sido bom.

Gelson Lobato e Alberto Charamba, criadores do Podcast Mais Criativo, em entrevista ao TARGETING (Créditos: Entrevistados)

Sentem que as pessoas abraçaram o vosso projecto porque não existindo muitos do género, teriam de se apegar ao único que existe?

GL: Bem, pode ser um dos motivos. Mas convém dizer que o nosso podcast tem alguma qualidade…

AC: O feedback que temos é que não existia um podcast neste formato e, agora que existe, não é de forma amadora. Os nossos vídeos já são em 4K e com qualidade excelente de áudio. Quando o Lobato ligou a convidar para me juntar ao projecto, já não era com a ideia de fazer algo amador, porque tínhamos os recursos. Felizmente ele já não consegue fazer filmagens que não sejam profissionais e sem qualidade. Filmar com o telemóvel já lhe incomoda, mesmo para o seu canal ou redes sociais e, quando o faz, sente que já não tem a qualidade necessária. Então, queremos mostrar que é um conteúdo feito em Angola, por angolanos e com a qualidade que já se faz em mercados como o brasileiro, português e em outras bandas. Tem sido interessante fazer isso, hoje o pessoal está a se auto-desafiar e dizem que não querem apenas fazer um projecto como este só porque sim, olham o Mais Criativo como uma referência.

GL: É exactamente isso que o Charamba falou, queremos aqui definir um ponto de partida. Não estamos a fazer este projecto com toda a qualidade que conseguimos, fazemos hoje com uma câmera, mas podemos e temos capacidade para fazer com dez, por exemplo, e podemos fazer aqui um cenário em estúdio todo XPTO. Mas estamos a definir um começo e estamos aqui também a aprender. Ainda assim, tem qualidade tanto de produção como de conteúdo. Como disse, se este não é um conteúdo inexistente, é dos poucos. Acima de tudo é isto e talvez um conjunto de várias outras coisas que devem estar a definir esta aceitação.

“Num CD temos a ficha técnica de todos que participaram na produção das músicas, desde quem pôs a voz, quem tocou o violão ou piano. Numa campanha de publicidade isso não aparece, onde é que encontras a informação de quem esteve nos Ilustrators e nos Photoshops? No final do filme temos os créditos de todos envolvidos, dez minutos com todos os nomes, até os motoristas, mas nas campanhas publicitárias não vemos isso, não somos tidos nem achados.” – Gelson Lobato.

Quem são os criativos que passam por aqui e quais são os critérios para escolherem quem vem ao Podcast Mais Criativo?

AC: Essa pergunta é boa porque eu fui “bombardeado” nas minhas redes sociais quando lançámos o episódio com o Vicente Campos, da Hultimano, que é uma pessoa bem conhecida e tem relações com muitas pessoas da comunidade criativa. Depois daquele episódio recebi muitas mensagens no Facebook e Instagram porque ele partilhou nos seus perfis, mencionou os nossos nomes e agora as pessoas perguntam como e o que fazer para cá estar. Mas nós começámos por chamar as pessoas que tanto eu como o Lobato conhecemos e que tenham um perfil de profissionais que têm muito para partilhar em termos de experiências criativas em todas as áreas.

Sabemos que temos também muito sangue novo e vamos naturalmente abrir espaço para estes, mas como estratégia inicial estamos a olhar para pessoas com uma boa estrada e que têm muito para nos ensinar sobre esta indústria toda e todo o processo criativo, desde dicas, estratégias e até coisas práticas que queremos implementar ao longo dos episódios. Queremos criar episódios práticos, mais terra a terra e até de cariz formativo, onde podemos desmistificar processos e termos que se usam nas nossas áreas: o que é um headline, por exemplo, o que é exactamente um copy, etc. A ideia é trazer pessoas que naturalmente têm essa experiência para passar a quem nos ouve, pessoas que conhecemos pelos seus trabalhos ou que já cruzaram connosco. Não é uma coisa de amiguismos, a ideia é abrir este espaço para o máximo de pessoas criativas, vamos chegar lá, mas estamos a começar pela checklist de pessoas que já conhecemos.

GL: Há outro factor que depende muito de nós, a nossa disponibilidade e, se calhar, é o mais “crítico”. O nosso planeamento é muito dentro do que são os nossos timings, tem dias que gravamos dois a quatro episódios, porque temos agendas muito corridas e diferentes. Contactamos os convidados, marcamos e os que confirmarem e aparecerem gravamos em sequência num dia. Antes tínhamos uma periodicidade semanal, mas agora alteramos para quinzenal, porque estava muito apertado e ainda tínhamos as edições a fazer nos vídeos, fazer toda criação das artes, os cortes e isso levava tempo. Começamos de maneira simples para nos facilitar, mas com as nossas agendas de trabalho as coisas apertaram e deve ser por isso que poderemos demorar em ter aqui todos dentro de um prazo curto. Mas a ideia é transformar este podcast num hub e espaço para networking e não impomos limites. Quanto mais links tivermos, melhor, tanto para o movimento criativo, o mercado e para nós. Não estamos a escolher quem nos convêm, é uma questão de agenda e no tempo certo esperamos ter aqui todos.

Acham que é realmente importante se conhecer os criativos por trás dos trabalhos, projectos e das grandes campanhas, ou as marcas podem continuar a “colher” para si esses “lucros”?

AC: Em termos de história quase que não existem projectos feitos para premiar a nossa classe, há um recente que é o FestiPub que vem sendo um dos poucos que felizmente faz isso, mas precisamos de mais acções do género, que consigam dar voz aos criativos. Temos muitos bons talentos em Angola e realmente faz sentido que estes mostrem a cara e falem de si e dos projectos em que já estiveram envolvidos, e não há problema nisso, não existem cláusulas de contractos que proíbem um criativo de falar dos projectos em que colaborou. Ou seja, muitos destes criativos estiveram por trás de grandes campanhas, outros hoje são empreendedores a fazer por si e a trabalhar grandes marcas, e a ideia é justamente dar visibilidade a estes criativos e que eles partilhem connosco todos os desafios e experiências que tiveram em trabalhar as big brands.

Gelson Lobato e Alberto Charamba, criadores do Podcast Mais Criativo, em entrevista ao TARGETING (Créditos: Entrevistados)

GL: Só para acrescentar, dou aqui um exemplo: num CD temos a ficha técnica de todos que participaram na produção das músicas, desde quem pôs a voz, quem tocou o violão ou piano. Numa campanha de publicidade isso não aparece, onde é que encontras a informação de quem esteve nos Ilustrators e nos Photoshops? No final do filme temos os créditos de todos envolvidos, dez minutos de todos os nomes, até os motoristas, mas nas campanhas publicitárias não vemos isso, não somos tidos nem achados. É importante trazer à tona os criativos envolvidos nos projectos de comunicação, não é rebelião, é apenas dar os créditos. Hoje, por exemplo, já vemos óscares para um director de fotografia e outras categorias que anteriormente não existiam e que hoje começam a ser percebidas.

Ou seja, no fundo este podcast também serve como uma plataforma para os criativos se auto-promoverem a si e aos seus trabalhos?

GL: A 100%. Nas descrições dos nossos vídeos colocamos sempre os links dos canais e páginas oficiais dos convidados, das suas empresas e negócios, para que estes vendam os seus peixes.

AC: “Yeah”, a ideia é que as pessoas associem os projectos e campanhas aos nomes neles envolvidos. Imagina tu veres uma comunicação nas ruas e a seguir saber que é o fulano quem desenvolveu aquilo? Tivemos aqui o Vicente, por exemplo, e ele mencionou que esteve envolvido no projecto Nossa Ginga, juntamente com uma agência sediada em Londres. É disso que estamos a falar, muitos foram e gostaram do Nossa Ginga, mas se calhar não sabem quem são as pessoas por trás daquilo. Se não fosse o podcast muitos não saberiam.

GL: Exactamente. O cliente, o empregador ou qualquer outra oportunidade pode surgir daqui. Neste podcast não vais apenas conhecer a pessoa pela fotografia ou pela descrição, como no Instagram. Aqui ouve-se a pessoa a falar, a descrever o seu percurso e trabalho, é realmente uma abertura para os profissionais mostrarem quem são, o que fazem e o que valem. Porque é necessário darmos a conhecer as referências boas que temos, e acha-se que não temos estas referências justamente porque estas pessoas não são conhecidas.

Quais são os principais desafios em criar e manter um podcast num mercado como o nosso?

GL: É a internet. Este ainda é o nosso grande problema e grande parte das pessoas com acesso a internet não conseguem assistir vídeos como os nossos. Somos nativos digitais, mas ao mesmo tempo não temos um espaço tão grande para divulgação. Não é apenas um problema nosso, é um problema de todos que produzem conteúdos para a internet. Repara que temos aqui todas as condições para produzir o podcast com a máxima qualidade, temos uma empresa especializada em conteúdos audiovisuais a produzir tudo, mas ainda assim esbarramos nessa questão do acesso a internet, sem mencionar que somos um podcast, mas de nicho e não tão abrangente e geral. Por um lado, queremos muito usar tudo o que dispomos, como colocar 3 câmeras por exemplo, ter um editor de vídeo só para este projecto, mas precisamos que as condições estejam favoráveis.

AC: Sim, há a possibilidade de as pessoas terem acesso à internet, mas consumir conteúdos como o nosso na internet ainda é muito caro, temos noção disso.

Ou seja, neste momento o número de visualizações ou audições não é algo que vos preocupa?

GL: Não nos preocupa, pelo contrário, nos agrada. Tudo que temos até agora é orgânico e tudo para nós é lucro, é ganho: as visualizações, downloads, etc, tudo lucro. Tem sido muito espontâneo e esperamos a médio/longo prazo reunir aqui vários criativos e criadores, até os compositores, copywriters, tik tokers, produtores musicais e muito mais.

Assista ou ouça os últimos episódios do Podcast Mais Criativo AQUI.

Redacção: ola@targeting.ao

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1 comentário
  • Olá gostei muito do conteúdo.
    eu sou artista plástico e desenhador realista e gostaria de mostrar os meus trabalhos no podcast mais criativo de Angola

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