Descreve-se como uma alma criativa que está sempre em busca de novas inspirações e aprendizados dentro do design e artes em geral. Formada em Design e Comunicação Visual pelo Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing (IADE) e com um percurso profissional de 6 anos, Inês Melina constrói a sua carreira com passagem em agências de comunicação e empresas do sector bancário em Angola. Portugal e África do Sul são também outros mercados pelos quais a jovem deixou a sua impressão profissional nos mais diversos segmentos.
“Todos os projectos que realizo são semeados com uma dose extra de criatividade e autenticidade”. Vinca a jovem que, em entrevista ao TARGETING, aborda o seu percurso e visões sobre a sua área de actuação.
Quando e como decidiu que o design era a sua “praia”?
Em 2015 conheci o mundo do design gráfico através de uma tour day que teve na escola onde eu fiz o secundário, isto em Lisboa, Portugal. Fui ao stand da universidade IADE ver quais cursos tinham e foi aí que ouvi falar do design pela primeira vez. Soube logo que era o que eu queria fazer e naquele momento fiz a minha escolha!
Não foi fácil no início porque muitas pessoas me questionavam o que eu iria fazer com design em Angola, como eu haveria de sobreviver, e que eu tinha que ter um backup plan sólido.
Qual é a sua especialidade?
A parte do design que mais me apaixona é a criação de marcas.
Que habilidades considera essenciais para um/uma designer?
Na medida em que o tempo passa consigo perceber que é essencial um bom designer ter organização dos processos, disciplina com as entregas e busca constante pelo conhecimento. São estas coisas que destacam um bom designer de um mau designer, porque a criatividade e as coisas giras muitos conseguem fazer.
Nos seus 6 anos de experiência criativa, quais projectos/empresas em que já passou gostaria de destacar?
Pude fazer parte de grandes equipas e empresas, mas uma delas marcou a minha jornada de forma única… Falo da Authentic, uma agência de comunicação que vende sonhos palpáveis como gestão de marcas pessoais e marcas corporativas.
Eles abraçaram-me num momento em que eu precisava provar a mim mesma que era capaz de reinventar-me, crescer e afirmar-me no mercado como designer gráfica e criativa, porque muitos ainda conhecem apenas a “Inês Melina artista plástica”. No meio desta viagem pela Authentic, pude trabalhar com uma das maiores empresas de Angola, que é a Unitel. Definitivamente o meu portfólio ficou mais bonito depois deste passo dado.
Considerando que ainda tem uma carreira longa, que projectos gostaria de trabalhar dentro da sua área?
Neste momento o meu foco é ajudar os pequenos e médios empreendedores a terem uma imagem profissional e com qualidade e também educar a nossa população sobre a importância e diferença que faz ter uma boa imagem.
Descreve-se como uma “designer de marcas reais”. Quer nos contar o porquê?
Porque apenas trabalho com empresas ou projectos que acredito e que vão de encontro com a minha ética.
A criatividade e a autenticidade que coloca nos seus trabalhos ajudaram-lhe a chegar a esta conclusão?
Com certeza, porque cada projecto que abraço transforma-me de alguma forma e felizmente tem sido para melhor.
Quer falar-nos sobre o trabalho que faz na FORTALEZA Seguros…
O meu trabalho na FORTALEZA Seguros é cuidar e proteger a comunicação visual tanto interna como externa.
Do briefing à entrega dos projectos finais, qual é o momento mais desafiante no seu dia-a-dia de trabalho?
Com certeza é o briefing. Com a experiência que tenho adquirido durante esses 6 anos, chego a conclusão de que um briefing bem passado tem muita influência no processo de desenvolvimento de qualquer trabalho/projecto. Quando o cliente não sabe o que quer e simplesmente diz “confio em si, faça como quiser” as chances de o trabalho não ser aprovado e de se ter retrabalho são muitas, por esta razão tenho um briefing criado com algumas perguntas para facilitar este passo tão importante de qualquer criação.
Por norma, como mede o sucesso do seu trabalho?
Por norma critico bastante o meu trabalho, e quando estou satisfeita com o resultado para mim é o suficiente para considerar um sucesso porque desafio-me sempre a fazer melhor a cada trabalho.
Entre receber um mau briefing e perder o “espírito criativo” no meio de um projecto importante, o que escolhe?
Escolho “perder o espírito criativo”.
Porquê?
Porque hoje sei que não devo depender do meu estado de espírito para seguir com algum projecto, nos dias em que me falta a inspiração aplico uma “chave secreta” que encontrei há alguns anos para não procrastinar nestas situações que é muito simples. Começo por escrever na minha agenda todos os passos que tenho de seguir para o desenvolvimento do projecto, organizo-os por prioridade e tempo de execução, e começo pelos passos que levam menos tempo o que acaba por facilitar o processo. É algo que eu chamo de ‘’magia de começar’’, com uma dose extra de disciplina. Faço pouco a pouco e me deixo inspirar pelo próprio processo.
Quando a inspiração lhe foge, onde busca normalmente?
Acho que a resposta de cima acaba respondendo esta, busco na disciplina.
Como analisa a posição das mulheres na profissão designer?
Ainda existe muito por se alcançar, mas já se nota um crescimento considerável e de qualidade a nível nacional, e quanto a nível mundial acho que estamos bem representadas nos variados sectores.
Mulheres no design que todos precisam conhecer, sejam angolanas ou estrangeiras…
Cá vão alguns nomes, Simara Cristina Miguel, Paula Scher, Eliane Alves, Daniela Priscylla e Hilma Sassa. São uma fonte de inspiração pra mim.
Como gostaria de fechar esta conversa?
Gostaria de lembrar, que cada um é o seu maior investimento e é importante serem os primeiros a acreditarem em vocês próprios e nos vossos sonhos. Sejam persistentes, disciplinados e resilientes.
Redaclão: ola@targeting.ao
Fotografias: Rosandra Joaquim